O ser humano está em constante busca
por tratamentos que satisfaçam a obsessão pela juventude e pela
beleza.
A busca
incessante por fórmulas anti-envelhecimento tem exposto pessoas a substâncias
de segurança duvidosa para uso a longo prazo ou sem eficácia
comprovada por estudos de relevância no meio científico.
Há até
mesmo possibilidade de graves efeitos adversos, como aumento de risco de alguns
cânceres. Além disso, pesquisas mostram que a reposição de hormônios pode modificar
algumas alterações do processo de envelhecimento, mas é incapaz de revertê-las
promovendo rejuvenescimento.
De fato, o envelhecimento é inevitável, mas é possível que ele
ocorra com mais qualidade e saúde. Dieta balanceada, exercícios físicos
regulares, evitar estresse, dormir bem, não fumar são alguns hábitos
que comprovadamente ajudam na prevenção de doenças
O problema é que muitas pessoas, atrás de falsas promessas de
retardar o envelhecimento, buscam tratamentos hormonais profissionais
inabilitados para tal. Conforme o Conselho Federal de Medicina (CFM), não há
comprovação de que terapias com hormônios influenciem no envelhecimento ou até
mesmo promovam emagrecimento, com clara proibição da prática
SAIBA O QUE DIZ A RESOLUÇÃO CFM 1.999/2012
Ficam vedados o uso e divulgação dos seguintes procedimentos e
respectivas indicações da chamada medicina antienvelhecimento:
I. Utilização do ácido etilenodiaminatetraacetico (EDTA),
procaína, vitaminas e antioxidantes referidos como terapia antienvelhecimento,
anticâncer, antiarteriosclerose ou voltadas para o tratamento de doenças
crônico- degenerativas;
II. Quaisquer terapias antienvelhecimento, anticâncer,
antiarteriosclerose ou voltadas para doenças crônico-degenerativas, exceto nas
situações de deficiências diagnosticadas cuja reposição mostra evidências de
benefícios cientificamente comprovados;
III. Utilização de hormônios, em qualquer formulação, inclusive o
hormônio de crescimento, exceto nas situações de deficiências
diagnosticadas cuja reposição mostra vidências de benefícios cientificamente
comprovados;
De acordo com a Resolução CFM 1999/2012, a reposição de
deficiências de hormônios e de outros elementos essenciais se fará somente em
caso de deficiência específica comprovada e que tenham benefícios
cientificamente comprovados:
IV. Tratamentos baseados na reposição, suplementação ou
modulação hormonal com os objetivos de prevenir, retardar, modular e/ou
reverter o processo de envelhecimento, prevenir a perda funcional da velhice,
prevenir doenças crônicas e promover o envelhecimento saudável;
V. A prescrição de hormônios conhecidos como “bioidênticos”
para o tratamento antienvelhecimento, com vistas a prevenir, retardar e/ou
modular processo de envelhecimento, prevenir a perda funcional da velhice,
prevenir doenças crônicas e promover o envelhecimento saudável;
VI. Os testes de saliva para dehidroepiandrosterona (DHEA),
estrogênio, melatonina, progesterona, testosterona ou cortisol utilizados com a
finalidade de triagem, diagnóstico ou acompanhamento da menopausa ou a doenças
relacionadas ao envelhecimento, por não apresentar evidências científicas para
a utilização na prática clínica diária.
Diversos
hormônios diminuem com a idade, mas não há comprovação de que isso seja
responsável pelo envelhecimento.
A reposição
de hormônio feminino está indicada na menopausa para tratamento dos sintomas do
climatério, tendo papel na prevenção da osteoporose. No entanto, cada caso deve
ser avaliado com cautela, levando em consideração o tempo de tratamento,
controle para câncer de mama e endométrio e para doenças cardiovasculares e
problemas vasculares.
A
reposição hormonal masculina com testosterona é recomendada em alguns
casos de deficiência comprovada com a dosagem hormonal, na presença de
sintomas que possam ser revertidos com o tratamento. Nesse caso, alguns
riscos devem ser avaliados, como a possibilidade de aumento do risco de
câncer de próstata, maior chance de eventos cardiovasculares, aumento dos
glóbulos vermelhos do sangue e piora da apnéia do sono.
O hormônio
de crescimento - GH - embora traga a promessa de aumentar a massa
muscular, perder gordura e até mesmo amenizar rugas, pode provocar efeitos
ruins a longo prazo, como diabetes (ele estimula o metabolismo da
glicose), pólipos intestinais e câncer hematológico. Em grande quantidade, pode
causar crescimento das partes moles (como cartilagens), doença conhecida como
acromegalia.
Vitaminas
e antioxidantes em doses extras também não possuem comprovação de que irão
evitar gripes, ajudar no crescimento ou estimular o interesse sexual. A
quantidade necessária é facilmente obtida pelos alimentos. Já os antioxidantes
são compostos que atuariam no metabolismo da célula, evitando seu
envelhecimento, porém ainda não há evidência de que promovam rejuvenescimento,
além de não serem isentos de riscos de intoxicação, levando a
distúrbios digestivos, visuais e de pele.
Por trás disso,
existe toda uma indústria estimulando o consumo. O problema é que as
propagandas sempre falam de benefícios, mas nunca abordam os efeitos
colaterais.
Portanto, alerta deve
ser feito à população em relação ao uso indiscriminado desses
hormônios. Esforços devem ser direcionados à melhora da capacidade
funcional para que o envelhecimento seja saudável. E isto, graças ao
investimento em alimentação saudável, exercícios, combate a vícios (como tabaco
e álcool), prevenção e controle de doenças, prevenção de acidentes e quedas,
uso parcimonioso e com indicação médica de medicamentos, manter a mente ativa,
estreitar laços familiares e sociais.
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