segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Terapias Anti-Envelhecimento: existe pílula milagrosa?

 


 
O ser humano está em constante busca por tratamentos que satisfaçam a obsessão pela juventude e pela beleza.

 

A busca incessante por fórmulas anti-envelhecimento tem exposto pessoas a substâncias de segurança duvidosa para uso a longo prazo ou sem eficácia comprovada por estudos de relevância no meio científico.

 

Há até mesmo possibilidade de graves efeitos adversos, como aumento de risco de alguns cânceres. Além disso, pesquisas mostram que a reposição de hormônios pode modificar algumas alterações do processo de envelhecimento, mas é incapaz de revertê-las promovendo rejuvenescimento.

 

 

De fato, o envelhecimento é inevitável, mas é possível que ele ocorra com mais qualidade e saúde. Dieta balanceada, exercícios físicos regulares, evitar estresse, dormir bem, não fumar são alguns hábitos que comprovadamente ajudam na prevenção de doenças

 

O problema é que muitas pessoas, atrás de falsas promessas de retardar o envelhecimento, buscam tratamentos hormonais profissionais inabilitados para tal. Conforme o Conselho Federal de Medicina (CFM), não há comprovação de que terapias com hormônios influenciem no envelhecimento ou até mesmo promovam emagrecimento, com clara proibição da prática

 

SAIBA O QUE DIZ A RESOLUÇÃO CFM 1.999/2012

 

Ficam vedados o uso e divulgação dos seguintes procedimentos e respectivas indicações da chamada medicina antienvelhecimento:

 

I. Utilização do ácido etilenodiaminatetraacetico (EDTA), procaína, vitaminas e antioxidantes referidos como terapia antienvelhecimento, anticâncer, antiarteriosclerose ou voltadas para o tratamento de doenças crônico- degenerativas;

 

II. Quaisquer terapias antienvelhecimento, anticâncer, antiarteriosclerose ou voltadas para doenças crônico-degenerativas, exceto nas situações de deficiências diagnosticadas cuja reposição mostra evidências de benefícios cientificamente comprovados; 

III. Utilização de hormônios, em qualquer formulação, inclusive o hormônio de crescimento, exceto nas situações de deficiências diagnosticadas cuja reposição mostra vidências de benefícios cientificamente comprovados; 

 

De acordo com a Resolução CFM 1999/2012, a reposição de deficiências de hormônios e de outros elementos essenciais se fará somente em caso de deficiência específica comprovada e que tenham benefícios cientificamente comprovados:

 

IV. Tratamentos baseados na reposição, suplementação ou modulação hormonal com os objetivos de prevenir, retardar, modular e/ou reverter o processo de envelhecimento, prevenir a perda funcional da velhice, prevenir doenças crônicas e promover o envelhecimento saudável;

 

V. A prescrição de hormônios conhecidos como “bioidênticos” para o tratamento antienvelhecimento, com vistas a prevenir, retardar e/ou modular processo de envelhecimento, prevenir a perda funcional da velhice, prevenir doenças crônicas e promover o envelhecimento saudável; 

VI. Os testes de saliva para dehidroepiandrosterona (DHEA), estrogênio, melatonina, progesterona, testosterona ou cortisol utilizados com a finalidade de triagem, diagnóstico ou acompanhamento da menopausa ou a doenças relacionadas ao envelhecimento, por não apresentar evidências científicas para a utilização na prática clínica diária.


 
Diversos hormônios diminuem com a idade,  mas não há comprovação de que isso seja responsável pelo envelhecimento.

 

A reposição de hormônio feminino está indicada na menopausa para tratamento dos sintomas do climatério, tendo papel na prevenção da osteoporose. No entanto, cada caso deve ser avaliado com cautela, levando em consideração o tempo de tratamento, controle para câncer de mama e endométrio e para doenças cardiovasculares e problemas vasculares.

 

A reposição hormonal masculina com testosterona é recomendada em alguns casos de deficiência comprovada com a dosagem hormonal, na presença de sintomas que possam ser revertidos com o tratamento. Nesse caso, alguns riscos devem ser avaliados, como a possibilidade de aumento do risco de câncer de próstata, maior chance de eventos cardiovasculares, aumento dos glóbulos vermelhos do sangue e piora da apnéia do sono.

 

O hormônio de crescimento - GH - embora traga a promessa de aumentar a massa muscular, perder gordura e até mesmo amenizar rugas, pode provocar efeitos ruins a longo prazo, como diabetes (ele estimula o metabolismo da glicose), pólipos intestinais e câncer hematológico. Em grande quantidade, pode causar crescimento das partes moles (como cartilagens), doença conhecida como acromegalia.

 

 

Vitaminas e antioxidantes em doses extras também não possuem comprovação de que irão evitar gripes, ajudar no crescimento ou estimular o interesse sexual. A quantidade necessária é facilmente obtida pelos alimentos. Já os antioxidantes são compostos que atuariam no metabolismo da célula, evitando seu envelhecimento, porém ainda não há evidência de que promovam rejuvenescimento, além de não serem isentos de riscos de intoxicação, levando a distúrbios digestivos, visuais e de pele.

 

Por trás disso, existe toda uma indústria estimulando o consumo. O problema é que as propagandas sempre falam de benefícios, mas nunca abordam os efeitos colaterais.

 

Portanto, alerta deve ser feito à população em relação ao uso indiscriminado desses hormônios. Esforços devem ser direcionados à melhora da capacidade funcional para que o envelhecimento seja saudável. E isto, graças ao investimento em alimentação saudável, exercícios, combate a vícios (como tabaco e álcool), prevenção e controle de doenças, prevenção de acidentes e quedas, uso parcimonioso e com indicação médica de medicamentos, manter a mente ativa, estreitar laços familiares e sociais.  


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