quarta-feira, 29 de outubro de 2014

O QUANTO VOCÊ PODE FAZER BEM A SI MESMO

 

 

 
 
Você está infeliz no trabalho. Já faz alguns anos que está nele, mas jamais foi o que sonhou pra sua vida. Você cobra muito de si mesmo, estressa-se com metas a cumprir e pendências, não tem se organizado conforme gostaria. Não se sente nada realizado. Além disso, tem tido dores no corpo porque fica o dia todo na mesma posição e faz movimentos repetitivos.

Você está com problemas financeiros. Não se planejou para as contas e gastou além do orçamento. Às vezes é difícil resistir ao prazer momentâneo do consumo. Assim como é difícil resistir ao desejo incontrolável de fumar ao pensar nos problemas. Você já tentou parar com o cigarro, mas não conseguiu.

Você não tem conversado com as pessoas. Afastou-se dos familiares e amigos. Não compartilha com eles o que se passa na sua vida. E nem está disposto a ouvi-los. Prefere ficar só.

Você está sedentário. Há algum tempo não se mexe, sequer para uma caminhada leve. Nas horas vagas, costuma deitar no sofá diante da televisão com o controle remoto na mão preparado para mudar para o próximo canal que ofereça mais um programa inútil. Nada tem te interessado.

Você tem se alimentado mal. Anda cometendo excessos com o sal, gorduras, açúcar, além de consumir produtos industrializados nada saudáveis, deixando de lado os alimentos que fazem bem. Pra piorar, você não tem hora certa para as refeições e come em grande quantidade quase na hora de ir deitar.

Você tem passado noites em claro. Não tem dormido nada bem, nem mesmo com a ajuda de uns comprimidos dados por um colega que os usa e garantiu que são bons. No dia seguinte, você sente dificuldade para se concentrar e o corpo está exausto.

Você vive assim já há algum tempo. Acostumou-se. É automático. Mas você percebe agora que tem piorado uma dor nas costas de longa data e que vez ou outra sente um desconforto na cabeça, próximo da nuca. Também incomoda uma queimação no peito e às vezes sente cansaço e um pouco de falta de ar ao subir alguns lances de escada.

As pessoas notam que você está diferente. Já não é o mesmo desempenho no trabalho. Parece desanimado com a vida. Sugerem que você procure um médico. Você lembra qual foi a última vez que se consultou com um médico? Sempre foi tão forte e se sentiu tão bem. Foi algumas poucas vezes ao pronto-socorro tomar remédio na veia para aliviar uma dor de cabeça mais forte. Nunca achou que deveria ir consultar se não estivesse com um problema grave.

Qual a sua idade? Você demora um pouco a lembrar. A memória não tem contribuído muito ultimamente. É, você não está mais tão jovem assim. Talvez agora você realmente precise de um médico.

Você está no consultório. O médico afere a pressão. Está alta. Palpa suas costas doídas, te examina deitado, movimenta suas pernas. Pode ser que você tenha uma hérnia de disco. Pede uma ressonância. Você queixa da queimação e ele desconfia de doença do refluxo gastroesofágico. Pede uma endoscopia. Pede também uma lista de exames de sangue. Aconselha bons hábitos alimentares, atividade física, evitar o cigarro e a bebida.  Você já tem mais de cinquenta anos e é recomendado que faça uma colonoscopia. O risco de muitos cânceres aumenta com a idade e por isso o médico quer ter o cuidado de investigar o intestino grosso. Suspeita ainda de um provável quadro de depressão. Prescreve anti-hipertensivo, antidepressivo, remédio para dor e para dormir.

Você ainda não digeriu tudo isso. Não sabe o que pensar. Mas percebe que tem que se cuidar. Você compra os remédios, corre atrás dos exames. E por alguns dias, você fica pensativo sobre a vida. Lembra qual foi a última vez que parou para pensar em si mesmo?

É o início do tratamento. Você faz algumas poucas mudanças na dieta, ainda não tem coragem de iniciar uma atividade física. Não sentiu, por enquanto, nenhuma melhora com os medicamentos.

Mas a vida continua. Você tem contas a pagar. Precisa ir trabalhar. As preocupações são tantas que você não consegue abrir mão do cigarro. A falta de tempo faz com que você deixe de realizar os exames. A dor nas costas te impede de fazer uma atividade física. Melhor evitar qualquer esforço para que não piore. E você permanece no sedentarismo.

Passam-se alguns meses, os remédios acabam e você não volta a comprar. Seus hábitos são os mesmos de antes. E você já nem lembra mais que foi ao médico.


Você sente uma forte dor no peito. Nunca sentiu uma dor tão forte assim. Está pálido, sua frio. Chama por socorro. Correm com você para a emergência de um hospital. Ao chegar, logo realizam o seu eletrocardiograma. Você acaba de ter um infarto.

Rapidamente te levam para a sala de hemodinâmica. Uma angioplastia te salva. Você se sente frágil. Mas isso não minimiza o seu sentimento de culpa. É, você agiu mal. Não se cuidou. Você agrediu o seu corpo. Ele te respondeu.

Estão agora cuidando de você. Passam pelo seu leito, cumprimentam com um sorriso, perguntam se está tudo bem. Dão todos os medicamentos nos horários corretos. Discutem sobre você e sua doença. Querem fazer o melhor que podem por você. A família tem vindo fazer companhia.

Você sente vontade de chorar. Pensa no quanto há pessoas boas e na importância daquelas na sua vida. Pensa que embora tenha feito tudo errado, você não sofreu nenhum castigo. Pelo contrário, você está tendo uma chance. Existe perdão. Pensa que vale a pena viver. E você se lembra de todas as coisas que ainda deseja fazer antes de morrer.

Você já está melhor depois de alguns dias. Recebe alta. Aos poucos foi tomando conhecimento sobre todos os cuidados que deve ter consigo mesmo. Irá se alimentar melhor, praticar exercícios físicos, abandonar o cigarro e a bebida, fazer tudo como o médico pediu. Você quer poder viver ainda por um bom tempo. Irá planejar o seu dinheiro para as contas e também para viver bem. Irá fazer passeios com a família nos fins de semana. Irá reunir-se com eles à mesa para as refeições. Irá conhecer os lugares que sempre teve vontade, ouvir as músicas que gosta, ler mais sobre os assuntos que te interessam. Irá procurar as velhas amizades e cultivá-las. Irá aproximar-se de Deus.

Você percebe que as costas já não doem mais depois de realizar sessões de fisioterapia e adquirir disciplina com a postura conforme recomendação médica. A cabeça está em perfeito estado depois que a pressão arterial controlou. A queimação que sentia e que provavelmente tinha como causa doença do refluxo você já não sente mais com mudanças feitas na dieta. A colonoscopia que realizou afastou a possibilidade de câncer do intestino. Os exames de sangue não detectaram anormalidades. Você vai aos poucos descobrindo o que é melhor para o seu bem-estar. Você se dá tempo para cuidar melhor de si mesmo.

Seu corpo está agradecido. Seu coração bate tranquilo. Os pulmões respiram melhor. Sua mente também agradece. Faz tempo que os antidepressivos não fazem falta. Sua expressão já é outra, muito mais relaxada e feliz. Está mais bem humorado e disposto. Isso tem feito bem até mesmo para as pessoas à sua volta.

Você tem cultivado apenas bons pensamentos. Você tem evoluído espiritualmente. Você tem se proporcionado momentos de prazer. Você está em contato mais próximo com a natureza. Faz bem por os pés descalços no chão, sentir a brisa, observar o horizonte, ouvir o balanço das árvores, fechar os olhos e meditar.

Você sente que adquiriu o equilíbrio entre o seu corpo e a sua mente.

Você sente que é capaz de ter o controle sobre a sua vida.

Você sente o quanto pode fazer bem a si mesmo.
 
 
 
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sábado, 25 de outubro de 2014

Medicina, Teoria do evolucionismo e fé



    Ele pulou no tanque raso. Bêbado. Bateu a cabeça no fundo. Forte. Como doeu. Por um momento perdeu a consciência. Por tempo indeterminado perdeu a força e a sensibilidade do corpo. Maldito pulo.

    Correram para o hospital. Lesão da coluna cervical. Lesão da medula. Perda de força e sensibilidade abaixo da lesão. Tratamento particular. A família sem dinheiro. Não tinha saída. Teria que ser feita a cirurgia.

    Feita a cirurgia. Nenhuma mudança. Longa recuperação. E talvez pequena.

    Tantas vezes havia corrido riscos, realizado extravagâncias, desafiado a vida. Agora por uma bobeira!

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    Ela notou que ganhou peso. Nova, vaidosa, não queria engordar. Inchaço. Espuma na urina. Pressão alta. Sem ânimo, fraca. Estava feia.

    Procurou um médico. Doença renal. Iniciou o tratamento. Alguns meses, sem mudança. Espera por atendimento numa unidade de referência. Vai piorando. Chega o dia da consulta. É internada, exames, os rins já não funcionam. Diálise e fila de transplante.

    Tão jovem. Gostava de ir a festas, namorar, sentir-se atraente.

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    Um bebê. Chora há alguns dias. Dor nas perninhas. Fisioterapia, não melhorou. Febre. Vômitos. Dois médicos olham: virose. Remédio pra febre, soro. Um suspiro. No colo, amolecido. Sem respiração. Desfalecido. Na emergência, reanimação. Não volta. Autópsia: meningite purulenta.

    Uma criança e a vida inteira pela frente.
                             
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Há motivos que justifiquem a dor?



Segundo Nietzsche: "A fé é querer ignorar tudo aquilo que é verdade."

Qual a verdade? Quais são os motivos?


         Deus deve sim existir. Uma gerência do universo. Muito maior que o que se pode entender. Onde estão as respostas. Os homens são incapazes. Está fora do nosso alcance.


        Como não pensar em Deus diante das questões de vida ou morte?

 
       
      Para Darwin, a Medicina contradiz a Teoria do Evolucionismo:

“Com os selvagens, os fracos de corpo e mente são rapidamente eliminados; e aqueles que sobrevivem normalmente exibem um vigoroso estado de saúde. Por outro lado, nós homens civilizados, fazemos todos os possíveis para limitar o processo de eliminação: construímos asilos para os imbecis, os mutilados e os doentes; instalamos leis para os pobres; e os nossos homens dentro da medicina fazem todos os esforços para salvar a vida de todos até ao último momento.

Existem razões para acreditar que a vacinação preservou milhares com vida que, devido à sua fraca constituição, teriam sucumbido à varíola. Devido a isto, os membros mais fracos das sociedades civilizadas propagam o seu tipo.


Qualquer pessoa que já participou na criação de animais domésticos saberá que isto (a preservação dos mais fracos da sociedade através da medicina) deve ser altamente prejudicial para a raça humana. É surpreendente como a necessidade de cuidados, ou cuidados mal direcionados, leva à degeneração das raças domésticas; mas, excetuando o caso do ser humano, ninguém é tão ignorante para permitir que os seus animais mais defeituosos se reproduzam.

 A ajuda que nós sentimos necessidade de disponibilizar para os mais desamparados é em grande parte um resultado incidental no nosso instinto de simpatia, originalmente adquirido como parte dos instintos sociais, mas posteriormente prestados na maneira indicada previamente e de modo mais terno e mais amplamente difundida. Para além disso, nós não podemos controlar a nossa simpatia sem deteriorar a parte mais nobre da nossa natureza. Nós temos, portanto, que suportar os inquestionáveis maus efeitos da sobrevivência e propagação dos mais fracos.” 


    Em teologia, somos pequenos seres gerenciados por Deus. Fonte de esperança, fé, aceitação.


   No evolucionismo,  somos pequenos seres coadjuvantes do processo evolutivo universal. (E a Medicina, um agente de propagação dos fracos.)


    Em prática, nada é tão importante quanto a própria vida e a de quem se ama. E a Medicina: "Resultado incidental no nosso instinto de simpatia". Luta pela vida. Amor.

 

 

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sábado, 18 de outubro de 2014

Sobre como sair da rotina pode trazer benefícios à memória

Algumas pessoas, principalmente os mais velhos na família, vez ou outra perguntam porque andam tão esquecidas. Vale essa leitura, em que pontuei algumas explicações sobre o tema, com base em alguns estudos.



    Os sentidos são as portas de entrada das informações que nos cercam. Viajar, ler, aprender a tocar um instrumento musical, estudar uma língua estrangeira, comer um prato diferente, buscar novas rotas para o trabalho, matricular-se em aulas de dança são alguns exemplos de atividades que ao despertar os nossos sentidos podem aumentar a atividade mental e a função cognitiva. E quanto mais diverso for o repertório (literário, musical, cinematográfico etc.), melhor para a memória. O mais importante é diversificar as atividades para mobilizar diferentes áreas do cérebro. E o prazer em realizá-las certamente irá também influenciar.

    Ler, por exemplo, pode não somente despertar a visão, como também estimular outros sentidos. Um autor que escreve que certa personagem sentiu o aroma de um bolo saboroso faz com que seu leitor resgate aromas de bolos saborosos em sua memória. Além disso, a leitura nos dá agilidade mental, aumenta nosso vocabulário e facilita a capacidade de associar idéias.

    Memorizar também requer uma mente sem estresse. Um novo aprendizado demanda o envolvimento de diversas vias neuronais. E, às vezes, trabalhamos nossa mente à exaustão, elevando o seu metabolismo, para "criar um arquivo", fazendo que uma atividade que poderia ser prazerosa se torne chata. Na hora de estudar para um concurso por exemplo, isso pode ser determinante.

    Alimentação e exercícios físicos também são importantes, a exemplo dos flavonoides (presentes nas frutas vermelhas), ômega-3 (peixes, castanhas), vitaminas do complexo B (carnes vermelhas, aves, grãos integrais, leite). Os exercícios físicos aumentam a oxigenação cerebral e promovem a liberação de substâncias favoráveis ao aprendizado, além de trabalharem a coordenação motora, propondo desafios para o cérebro. E depois de um dia intenso de trabalho ou ginástica, descansar é obrigatório. Dormir é necessário para fortalecer o aprendizado, sobretudo na fase do sono chamada REM (do inglês, Movimentos Rápidos dos Olhos), que consolida a memória de longo prazo.
 
    Com o envelhecimento, nossa memória ou a capacidade de criá-la sofre mudanças. A redução do número de sinapses (conexões entre os neurônios), o decréscimo na produção de neurotransmissores e os declínios do metabolismo são alterações se refletem na resolução de novos problemas e na velocidade com que processamos informações. A capacidade de aprendizado se mantém ao longo da vida, porém é necessário um tempo maior de exposição ao conteúdo para sua aquisição. Manter uma constante atividade intelectual pode minimizar a perda de neurônios. Pessoas que tiveram uma atividade intensa do cérebro durante a vida protegem o órgão dessas perdas e têm menor suscetibilidade a doenças como a de Alzheimer. Estudos mostram que há um constante nascimento de neurônios e que, além de atividades intelectuais, eles podem ser estimulados por meio de atividades físicas. Quanto mais se fizer pelo cérebro, menos sofrimento quando a idade avançada chegar.

    *É importante não confundir desatenção,ou a não concentração, com falta de memória. Há testes capazes de fazer essa distinção, que são realizados por um especialista. Ele indicará a melhor forma de contornar o problema. 
 
    *Lapso de memória não é problema de memória. O esquecimento tem papel fundamental no processo de aprendizado, pois serve para não atrapalhar a aquisição de novas informações.
Ausência de memória pode ser falta de estratégias eficazes, como alarmes, agendas e blocos de anotações.